Inclusão Social e os desafios para os surdos no ensino superior

Publicado originalmente

Por Lorraine Vilela Campos

A educação é fator fundamental para a inclusão social e, apesar dos avanços nas últimas décadas, pessoas com deficiência ainda encontram barreiras para estudar. Das 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva no Brasil, apenas 7% têm ensino superior completo, 15% estudaram até o ensino médio, 46% frequentaram até o fundamental e 32% não têm nenhum grau de instrução.

Em relação aos estudantes matriculados no ensino superior, o último levantamento do Ministério da Educação (MEC) identificou 5.978 pessoas com deficiência auditiva, 2.235 com surdez e 132 com surdocegueira. A vida em sociedade é muito voltada para o cidadão ouvinte e o desconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma das principais dificuldades encontradas no convívio social.

Apesar de ser a segunda língua oficial do Brasil, são poucos os professores que sabem Libras, o que dificulta a interação com os alunos surdos ou com alguma deficiência auditiva, já que há grande foco na oralidade e no Português escrito durante as aulas, restando ao surdo acompanhar a tradução do conteúdo pelo intérprete de Libras.

A saída para uma maior integração do estudante surdo com o ambiente escolar é a formação bilíngue do educador. O ensino básico conta com algumas escolas bilíngues, em que o professor dá aulas em Libras ao invés de contar com o apoio do intéprete, mas ainda são poucas e estão nos grandes centros urbanos.

Adaptação
Surda de nascença, Jéssica Campos integra a pequena parcela de pessoas com deficiência auditiva com diploma de ensino superior. A maranhense de 29 anos se formou recentemente no curso de Tecnologia em Estética e Cosmetologia, na Faculdade Pitágoras de São Luís.

Mesmo fluente em Libras (língua que aprendeu aos 9 anos) e da presença do intérprete nas aulas, Jéssica ainda encontrou alguns desafios em sua trajetória acadêmica, já que algumas palavras de seu curso não fazem parte da Língua Brasileira de Sinais. Ao se deparar com tal dificuldade, ela deficidiu criar o glossário de Estética e Cosmética com o auxílio de Rian Arouche, tradutor e intérprete de Libras . “Foi o melhor caminho para que eu pudesse me apropriar dos conceitos e termos técnicos utilizados”, ressalta.

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