Odontologia Forense desempenha trabalho fundamental na investigação de crimes e identificação humana

Publicado originalmente

Por Governo do Ceará

 

O Núcleo de Odontologia Forense (Nodof) da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) é responsável por realizar perícias de natureza odontolegal que auxiliam na elucidação de diversos crimes, desde lesão corporal a crimes hediondos, como homicídio e estupro. O núcleo também atua com identificação humana, perícias em objetos e exame de estimativa de idade em periciandos detidos por autoridades policiais.

O Nodof faz parte da Coordenadoria de Medicina Legal (Comel) e realiza perícias em vivos e em mortos, sendo vítimas ou suspeitos de crimes. O núcleo também pode realizar perícias em objetos, desde que eles possuam marcas de dentes. Entre os casos mais comuns que chegam para a perícia odontológica estão crimes de lesões corporais, nos quais agressões com mordidas são recorrentes e outros tipos de lesões na região do rosto, dentes, boca são examinados pelos peritos odontolegistas..

Estimativa de idade

De acordo com o perito odontolegista, Hans Fontenele, do Nodof, o exame odontológico de estimativa de idade é realizado quando um suspeito de algum crime é preso ou apreendido e não possui documentos de identidade e afirma para a autoridade policial que é menor de idade. “Nesses casos é realizaao a análise da ‘cronologia de erupção dos dentes’, nela observamos em que fase a dentição se encontra, se existem dentes recém-erupcionados, se existe dente siso, dente de leite, entre outros detalhes”, afirma. Hans Fontenele explica ainda que essa perícia pode ser complementada com uso de raio-x para analisar o grau de mineralização da raiz dos dentes.

Identificação humana

Já a identificação humana pós-morte, realizada pelo Nodof, ocorre em casos mais complexos: vítimas carbonizados, corpos esqueletizados, vítimas de desastres de grandes impactos, como desastres aéreos, por exemplo. Mas, para que o exame odontolegal ocorra, a vítima precisa ter “documentação odontológica”, ou seja, raio-x, molde dos dentes, ou registros de imagem de tratamento dentário. Através destes documentos da vítima, é possível realizar a comparação do arco dentário e identificá-la.

Hans Fontenele explica que a identificação odontológica é possível mesmo com a correção dos dentes da vítima, pois a anatomia dos dentes e o formato da raiz dos dentes não mudam, mesmo que eles sejam realinhados através de aparelhos ortodônticos ou passem por tratamentos.

 

Em maio deste ano, o Nodof atuou na identificação de duas das quatro vítimas do desastre aéreo ocorrido na cidade de São Benedito, no interior do Estado. Victor Sousa Rodrigues (29) e Paulo César Magalhães Costa (62), médico e piloto, respectivamente, foram identificados por meio da odontologia forense. O Departamento de Polícia Técnico-Científica do Estado do Piauí contribuiu para a identificação, encaminhando para a Pefoce a documentação odontológica das vítimas. Outras duas vítimas, a enfermeira Samara Aline Félix (34) e o médico Pedro José Ferreira de Meneses (55) também foram identificadas pela Pefoce, através da necropapiloscopia e antropologia forense. O avião bimotor havia decolado do aeroporto da cidade de Sobral e seguia com destino ao Piauí, mas caiu durante o trajeto.

Crimes

De acordo com o perito odontolegista do Nudof, Hans Fontenele, alguns crimes sexuais também são encaminhados para o núcleo devido uma peculiar característica de muitos agressores: lesões por mordidas. “As vítimas de violência sexual, geralmente, sofrem além da agressão sexual em si, com mordidas, principalmente, nos seios. É realizada a perícia na região lesionada para tentar identificar se as marcas deixadas pelas mordidas são compatíveis com a marca de mordedura de algum suspeito”, conta. O odontolegista explica que, em alguns casos, o Nodef consegue realizar a coleta de material genético deixado na vítima e envia para o DNA Forense da Pefoce.

Entre os casos analisados pelo núcleo, houve um deles, sete anos atrás, em que um bebê de 2 meses de idade foi encontrado sem vida, no bairro Pici, em Fortaleza. A vítima foi encontrada com ferimentos no braço provocados por mordidas. O laudo técnico-científico realizado pelo Nodof concluiu que os ferimentos eram incompatíveis com mordedura humana e constatou que as mordidas haviam sido provocadas por animais roedores/ratos. O laudo pericial da causa da morte identificou que a criança morreu por asfixia. A Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) indiciou a mãe e a avó da criança por homicídio culposo.

 

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